[MIMB2020] Por uma construção de identidade — Poesia Azeviche (2018)
Por Giovane Alcântara
Os Blocos-Afros foram e são muito importantes para a construção da identidade negra. Através deles, aspectos da vida do negro em diáspora foram e são ressaltados. Indo da exaltação da beleza às denúncias de racismo e violência. Poesia Azeviche (20 minutos, 2018), filme de Ailton Pinheiro, é capaz de retratar, a partir da visão dos compositores e músicos, parte da relevância dos Blocos Afros Tradicionais de Salvador para a música baiana.
O filme reúne Mestre Jackson, Adailton Poesia, Bira Reis, Ademário, Carlos Lima — Suka, Juraci Tavares, para falar de suas experiências enquanto compositores e músicos e de como suas trajetórias foram importantes, em algum momento, para tais blocos. Juntando imagem de arquivos com entrevistas, Ailton consegue promover a recuperação da memória e trazer a público a motivação de muitos deles.
Não é estranho pensar no poder que os Blocos-Afros possuem. Nas décadas de 80 e 90, eles faziam um trabalho importantíssimo para a recuperação da identidade negra na capital. Como o concurso ‘Deusa do Ébano’ do Ilê Aiyê, que acontece anualmente e escolhe a Deusa do carnaval que representa o grupo, por exemplo. Ou nas letras musicais que fazem referência a Deuses/as, reis, rainhas negros e a vida do negro baiano que tanto sofre, mas que também sabe ser feliz.
A projeção de um futuro e manutenção dos Blocos-Afros talvez estejam nas crianças dos projetos mirins, que olham atenciosos e aprendem cada passo de quem está a mais tempo no mercado. Cantando a beleza, a negritude e palavras de ordem. Poesia Azeviche nos mostra a necessidade dos Blocos-Afros para uma outra construção e visão de mundo. Como cita Carlos Lima é a “Arte que liberta, mente que desperta”.
Link para assistir ao filme na programação da MIMB 2020 que acontece de 30/09 até 09/10:
https://www.videocamp.com/pt/campaigns/mostra-mimb3-poesiaazeviche
Acompanhe a MIMB no instagram: https://www.instagram.com/oficialmimb/