[MIMB2020] Pontes de Merê
O documentário dirigido por Urânia Munzanzu tem uma pretensão gigante: ser ponte. Ponte entre São Félix e Cachoeira. Ponte entre a Bahia e a África. A diretora conseguiu reunir as principais lideranças da tradição Jeje Mahi aqui da Bahia — Mameto Zulmira, Regina Maria Rocha, Dona Dezinha, Zaildes Iracema — para que compartilhassem as suas trajetórias e cultos da tradição Jeje: uma tradição de matriarcado.
Esta palavra reunir, não escolhi à toa. O verbo pode significar 1: dispor de modo conjunto, agrupar; juntar. 2: tornar a unir o que estava junto e separou. “Merê” consegue as duas coisas — possibilita o encontro dessas líderes e une o que estava junto, mas separado. Desata nós e fortalece laços entre Casas que caminhavam apartadas. Mais do que um documentário, que registra memórias silenciadas e apagadas por séculos, “Merê” é ponte que liga séculos em transe(to). É rede. O que pode o cinema?
A rede não se limitou ao recôncavo. Atravessou o Atlântico e foi além: Benin, país da África ocidental, origem da religião Vodun (vodum, vodu, voodoo, vodou, vudu) — semelhante ao Candomblé Jeje do recôncavo. Urânia viajou com essas mulheres (merês) para alargar a ponte que pretendia: Bahia-África. Cenas riquíssimas foram gravadas em comunidades de Vodun lideradas por mulheres e em cidades de Benin que são de alguma forma conectadas com a Bahia.
“A Ponte — diálogos entre dois mundos”, projeto idealizado por Urânia (que além de cineasta, é jornalista e pesquisadora), ganha corpo em Merê. Um documentário de responsa. Conquistou o Selo Internacional Zózimo Bulbul, ou seja, um tipo de aval para participar de Festivais Internacionais. E viajou alguns países. Agora está de volta à Bahia, disponível no MIMB até amanhã.
Link para ver o filme:
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